"Queimaram tudo, lojas, carros e bancos"
"A morte de um adolescente de 15 anos às mãos de um agente da polícia grega desencadeou uma onda de violência anarquista, que só encontra um paralelo em 1985 e está a causar um forte embaraço ao Governo conservador de Caramanlis e às próprias forças de segurança deste país "Aqui, em Atenas, costuma haver confusão com a polícia, mas nos últimos anos nunca a esta escala. Queimaram tudo na baixa da cidade, lojas, carros e bancos. Enquanto falamos isto continua, não só em Atenas, mas noutras cidades do país." É este o retrato que a jornalista da televisão grega Maria Giah-naki fez ontem à noite ao DN, por telefone, sobre a onda de violência anarquista que está a assolar a Grécia, depois de um polícia ter morto a tiro um adolescente no sábado à noite. Há duas décadas um caso semelhante levou a meses de confrontos diários entre a polícia e anarquistas, até mesmo a ataques do grupo terrorista 17 de Novembro.
O principal campo de batalha foi ontem a capital grega, principalmente a Avenida Alexandras (onde fica a direcção-geral de polícia) e o bairro de Exarchia (onde Andreas Grigoropoulos, de 15 anos, foi morto). Foi nesta zona boémia da cidade que começaram, em 1973, os grandes protestos estudantis que conduziram à queda da ditadura dos coronéis. Hoje continua a ser um bairro altamente politizado e um feudo anarquista. As manifestações de ontem juntaram nesta zona cinco mil pessoas, segundo números divulgados pela AFP. Três polícias e seis manifestantes ficaram feridos e há registo de pelo menos duas dezenas de detenções.
Na segunda maior cidade da Grécia, Salónica, também houve protestos e incêndios - nem o carro de exteriores de uma televisão escapou. Em Patras, no sudoeste, um polícia foi hospitalizado após ter sido espancado por alguns manifestantes. Estes pensam continuar os protestos durante o dia de hoje. "A polícia está a usar gás lacrimogéneo e a tentar travar a violência, mas sem sucesso, porque estão a ter algum cuidado com o uso da força para que a população não fique contra eles", sublinhou aquela jornalista grega.
Andreas Grigoropoulos, filho de uma família rica da Grécia, estava em Exarchia com alguns amigos quando passou um carro de polícia, o qual começaram a apedrejar. Um dos dois agentes que estavam na viatura disparou e acertou-lhe. Quando percebeu que o jovem estava morto, pôs-se em fuga. Foi depois detido por homicídio voluntário. O colega, por cumplicidade. O primeiro--ministro grego escreveu, numa carta enviada à família de Andreas, que não haverá indulgência para com os responsáveis da sua morte. Costa Caramanlis, conservador, está visivelmente embaraçado com a situação, mas, mesmo assim resiste, tendo recusado, para já, a demissão do ministro do Interior".
Amanhã aqui todas as escolas estarão fechadas em sinal de luto pelo rapaz que foi morto.
17 comentários:
Olá querida Helena, este Mundo anda toda de pernas para o ar, é violência por todo o lado... Gostei do texto Amiga!
Beijinhos de carinho e ternura,
Fernandinha
Isso está complicado por aí então... Esperemos que não se registem mais incidentes graves.
Beijinhos
A sociedade que temos vindo a construir tem coisas muito boas, que nos agradam e desejamos preservar.
Mas é uma sociedade que mostra imensa dificuldade em incluir todas várias franjas de população. É pouco inclusiva e demasiado exclusiva.
A distribuição dos rendimentos e da riqueza gerada nas nossas sociedades continua a ter uma distribuição desigual. Até parece cada vez mais desigual e injusta. Há demasiada gente que não tem acesso a coisas básicas. E isso é mau.
Depois, há este fenómeno novo para nós nas últimas décadas, que é a imigração oriunda de países com maiores dificuldades, de leste e de África, a que se juntam os que vêm da China.
A Europa Ocidental tem demonstrado muita dificuldade e demasiada falta de harmonização, no que respeita às políticas de imigração e de integração social.
Não sei se estes factores têm a ver com o que actualmente se passa aí na Grécia. No entanto, se não directamente, pelos menos indirectamente poderá estar.
A crise económica actual, com a consequente diminuição de meios e recursos (públicos e privados) para investir e criar empregos, concerteza não será, digo eu, alheia a tudo isto.
Vou terminar, porque já me alonguei demasiado ... sorry...
Oxalá tudo se resolva depressa e não haja maiores consequências.
Saudações amigas para todos os que me lêem aí na Grécia.
Nós vimos por aqui o crime institucionalizado. E ainda falam da violência dos jovens...
Não basta que se demita um ou outro. É urgente revalorizar a vida.
Já não estamos no tempo dos filmes de "índios e cowboys" (pensava eu...)
Beijo.
Espero que o bom senso impere, a violencia não se resolve com violencia nem com actos de vandalismo.
Realmente não está fácil...
Olá Helena, votos que não se registem mais incidentes...
Beijos
São os sinais do tempo que passa.
Espero, sem muita convicção, que isto não se repita noutros países, fruto da crise financeira e de valores: jovens nas ruas, desempregados e sem esperança.
Muito triste, morrer com apenas 15 anos e ainda por cima de forma estúpida! Também tenho no meu blog um artigo que envolve a morte de um jovem http://missixty2005.blogspot.com/2007/11/sem-caulinos-vivemos-se.html - se quiseres consultar. Espero que as coisas melhorem por aí. Se fosse mãe na Grécia, não deixaria os meus filhos saírem de casa enquanto os conflitos continuassem. Lutar pelas causas causas é muito bonito, mas só se vive uma vez.
Parece-me que o "ferro e o fogo" estão para durar. O movimento anarquista é fortíssimo na Grécia e em particular entre os movimentos estudantis, o que misturado com a actual conjuntura de recessão não adivinha nada de muito "azul"...
As manifestações helénicas são muito mais "pesadas" que as nossas, mas de longe. Recordo-me há vinte anos de me deparar em plena Praça Sintagma com uma manifestação de professores (aparentemente pacífica) repelida pela polícia de choque a toque de canhões de água. Fiquei aterrorizado por nunca ter visto nada de semelhante, ao vivo!
Toma conta de ti e dos teus.
Abraço!
ai...até a arvore de natal que está na praça central da cidade não escapou, ardeu toda!amanhã é greve geral, e até o aeroporto está fechado...vamos ver se para a semana posso ir a Portugal.:-((
vejam este video impressionante:
http://www.in.gr/video/default.aspx?videoID=76235
e estas fotos:
http://www.espressonews.gr/default.asp?pid=21&la=2&artid=893429&catID=16
Quer dizer que:
a) no Brasil, um torcedor do são paulo (juntado a outros, porque sozinho não tem coragem) fazia arruaça contra um pequeno numero de torcedores do goiás (a grande maioria no entorno do estádio era de são-paulinos) e, como mostra o video, perseguido por um policial (destreinado, mal-pago, mal orientado, etc, como todos sabemos) ao levar uma coronhada levou um tiro…
b) um jovem grego (unido a mais trinta, porque sozinho…etc) tentava atear fogo numa bomba de gasolina e como estavam sendo perseguidos pela policia, resolveram atacar os policiais com bombas incendiárias, levou tiros no peito e morreu…
Afinal, quer dizer que esses pseudo-mártires não passam de um bando de fanáticos (como tantos no mundo [vide Mumbai]) e a “opinião pública” finaliza apoiando quem não deveria (por uma questão de direito e justiça) e retirando apoio a quem deveria (porque não há passeatas de estudantes para aumentar o salário dos policiais, treinar melhor a segurança e pedir uma revisão imediata (por exemplo união da policias civil e militar em uma só) e protestar contra a não-punição dos “barões” da política, da economia, etc…
Quer dizer… continua tudo como d’antes…
this was on the news. i hope that everything will be better soon there.
Hola Helena , no voy a comentarte los sucesos, sólo decirte que lamento mucho que esten pasando por eso y recibe un abrazo en apoyo.
Saludos
E o problema maior será sempre para os mais fracos ...
Que tudo corra bem contigo e com os teus ...
Pois é...Parece que por esses lados o diabo anda à solta. Mas se fosse só por aí...
beijinhos
boa semana
O mundo anda todo louco.
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